Vó me desculpe
Mas eu não gosto disso,
Das pessoas morrem assim,
Sem avisar.
Sem avisar você vai-se, descançar da guerra e do hospício.
Forjou homens e mulheres, como um incansável ferreiro de saias,
e nos deixa absolutamente orfãos
meninos, gatos e cachorros,
com quem vc conversava baixinho,
passando pequenos segredos e sabedorias amaelhadas pelo tempo,
amareladas pelo tempo, invisível como o tempo.
“Isso não se faz, aonde já se viu…”
Cresci, assim, no aconchego dessa bronca,
Correndo do chinelo, enfrentando seus doces e pequenos castigos,
Recompensado por seus sabores, pelo cheiro da comida, pelo ajeitar do cobertor,
pelo cuidado dado, redobrado.
O que sua falta me fez, me fará.
Obrigado, pela luz e pelo teto, pelo caminho reto
Pela dignidade e elegância em morro ou asfalto,
Por entender tudo, aceitar
Não se entregar, navegar
Te vejo melhor agora, quando já não posso te ver mais.
Você se foi, assim…numa tarde de domingo
E me reapareceu, nessa mesma tarde
No pensamento…nos olhos mareados de agora
Ví passar seu filme
Meu pequenino papel
Diante de tão grande mulher.
Beijos eternos,
Milhozinho.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
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