sábado, 5 de dezembro de 2009

CHANEL NÚMERO 5


Fui ver o interessante "Coco, antes de Chanel". O filme é lindo, bem cuidado, e perdoem os franceses, holywoodiano.
Desde que comecei a "tentar" entender as mulheres, percebi a importância do perfume da Casa Chanel.

Confesso que nunca senti seu cheiro em algum pescoço, que deve ser o ápice de uma combinação perfeita, e que
habita meu imaginário desde muito jovem.
Só bem mais tarde, na Amazônia, fazendo um documentário com o poeta Thiago de Mello, descobri que o Channel 5 tem origem no "pau rosa", uma espécie que só há, ainda, no interior do interior do interior da floresta, coisa de 26 horas de barco de Manaus, selva à dentro.

A pequena arvorezinha média, por ser rara e valiosa, virou objeto de cobiça e ganância,
e
está em extinção.
Foi minha primeira desilusão com o glamour da Casa Channel, mas com os pescoços ela começou bem antes.

Mas nunca perdi minha admiração por "mademoiselle", tenho um fraco por temperamentos fortes, recentemente até dobrou,
muito antes do filme estrear, tinha acabado de ler uma autobiografia do cineasta italiano Franco Zeffirelli, amigo de Coco.
Como o filme só narra a história até o primeiro desfile e seu sucesso retumbante, conto o que veio depois, e me foi contado por Franco no seu livro.

Ele conheceu Chanel através do conde Luchinno Viscontti, dublê de cineasta e encenador italiano, de quem começou como assistente, foi num jantar no belo apartamento da estilista em Paris.
O conde tinha "roubado" um dos namoradinhos de Gabrielle, mas isso era tratado entre eles com ironia e sagacidade, e Channel então aproveitou para dar o troco, "roubando-lhe" o jovem e belo assistente Zeffirelli.
Mulher generosa, que gostava de presentear os amigos, ela deu a ele um série de
aquarelas de Matisse.
Anos mais tarde, Zeffirelli, já famoso, mas numa merda de dar dó, tinha mudado para um minúsculo apartamento em Roma, cheio de dívidas e praticamente sem ter o que comer.
Olhando para as paredes, desiludido, reparou nos quadros, que sempre julgou serem réplicas.
Levou para ver o que valiam, se dessem para um pão e um vinho tava ótimo,
quase morreu de susto, eram originais, e ele pode viver deles longos anos de sua vida.

Franco esteve com Grabrielle pouco antes de ela partir, estava triste e melancólica,
tinha tentado voltar ao mundo da moda, mas foi arrasada pela mídia, os franceses jamais a perdoaram por vender a marca Chanel para os americanos.
Deixo aqui, de presente para quem um dia tiver saco de ler isso, um depoimento seu que não está no filme, mas que resume muito bem sua personalidade.

"Nunca se deixa de amar as pessoas que um dia a gente amou.
Mesmo que elas nos traiam, não é verdade que o amor se transforme em ódio.
O amor que você sentiu persiste para sempre, não por causa da pessoa...
Não, é por causa de você mesmo, por causa daquele momento da sua vida.
Não importa quem tenha sido a pessoa, aquele momento existirá para sempre."


Grande mulher!
Voilà Chanel!

Um comentário:

Lu Lopes disse...

Faz sentido para mim a frase final dela. Gostei do artigo. Bj.
Lu