sexta-feira, 10 de julho de 2009

Je Vous Salue, Godard


A Nouvelle Vague, movimento cinematográfico francês, está fazendo 50 anos.
Ao lado do neo-realismo italiano e do cinema novo no Brasil, a Nouvelle talvez tenha sido o último sopro de cinema independente, cinema de verdade, realidade.
Assim como Glauber no Brasil e Fellinni na Itália, Jean-Luc Godard é a face mais contundente e provocadora deste ciclo na França.
Neste momento em que o cinema autoral está em xeque-mate (esse foi o debate preferido dos cineastas no último Festival de Cannes), vale lembrar que Godard nunca deu água com açúcar para o público.
Com mais de 100 filmes na bagagem, e com quase 80 anos, ele continua em atividade, e apontando sua metralhadora de 24 quadros por segundo para hipocrisias e certezas.
Basta lembrar de seu filme mais polêmico, Je Vous Salue, Marie, em que ele mostra a Virgem Maria na cama com um homem comum.
Jean-Luc foi excomungado publicamente pelo Papa, teve seu filme censurado e retratos queimados em diversos países, aqui no Brasil, lembro que o então Arcebispo Dom Eugênio Salles (que adora vinho francês e aprecia os bons habaneros de Fidel) disse que a obra era coisa do demônio, e fez o bigodudo do Sarney (que adora beber do poder e transformar em fumaça os cofres da nação), na época presidente da república, proibir a obra.
Sacanear o povo podia, sacanear a igreja, não.
Nossa sorte é que o filme será eterno, e não será pedir muito que o capeta guarde dois lugarezinhos para ambos nas profundas dos infernos, porque para a História, não tenham dúvidas, Godard é quem ficará.
Graças a Deus.

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