sábado, 27 de junho de 2009

Michael em preto e branco

Amigos eu ví, conhecí Michael de perto, em 1996.
Fui chamado pela Sony para gravar uma declaração, não me disseram com quem era.
Me puseram numa sala, mandaram arrumar tudo e aguardar.
Segredo de tudo. Pelo aparato pensei se tratar do Rei, no caso, o nosso, Roberto Carlos.
Depois de quase 4 horas de espera eis que realmente surge um Rei, não o nosso, mas o do pop, ninguém menos que Michael Jackson.
Enquanto enquadrava e focava, tive o privilégio de ver os detalhes de seus traços, Michael parecia uma figura de cêra, não era mais preto, nem branco, Michael era bege, nariz fino, a voz também.
Durou exatos 4 minutos, nos quais ele agradecia a um canal de TV da Inglaterra sua premiação como artista da década, e desculpava-se pela ausência, o material seria exibido por telão, na festa do dia seguinte.
No final, me dirigiu apenas uma pergunta: "good?", respondi apenas:
"yes...good", disse "tenquiú" e se foi, tão rápido quanto entrou.
Acompanhei sempre sua escravidão midiática, Michael sempre foi um prisioneiro numa gaiola de ouro, tinha tudo, mas não podia nada,
frequentava lojas que eram abertas somente para ele em alguma madrugada, tinha dinheiro para comprar tudo, menos sua liberdade de andar pela rua e tomar um vento no rosto, vendo o rosto dos iguais.
Pobre Michael, vítima da fama, do próprio ego e dos interesses dos abutres, disfarçados de amigos.
Depois que o ví, e toda vez que o ouvia, ou via pela mídia, não conseguia esquecer a profética canção na voz de Gilberto Gil que dizia: 'Bob Marley morreu, porque além de negro era judeu, Michael Jackson ainda resiste, porque além de branco ficou triste".
Enfim,cessou a resistência, está livre...Viva Michael, pobre menino rico.

3 comentários:

Mônica Monazzi (Arauto) disse...

Emilio, também visitei o seu blog e gostei muito. Texto incrível, genial.

Nathália Bragalda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Danielli Marinho disse...

Oi Emilio... valeu pela visita. Tb visitei o seu e achei muito legal.. vi o seu post sobre o Michael Jackson... tb tive o privilegio de ve-lo, em 2002, em NY... qdo ele apareceu de repente na Toy R Us... é tudo isso mesmo q vc disse, nem preto, nem branco... apenas diferente.