Este Lado Para Cima (série de poemas ridículos)

Naúfrago da Solidão

Do vasto mar
de sentimentos e emoções
a solidão me arrasta como onda.
Apenas uma garrafa,
restará de mim,
um pedaço de papel,
com um pedido de socorro.
A quem achar
na tormenta desse mar
pode avisar
morri de esperar
que me recolhessem
da confusão
do pesadelo
dessa infinita solidão.
Agora sou apenas um naúfrago
me afogando na escuridão.

Frase de Hoje

Um filme não muda o mundo, um filme não muda nada.
Mas temos que fazê-lo pensando que sim.
Tomaz Gutierrez Alea
Cineasta Cubano

MULHERES EM CANNES
Em breve, neste blog, uma exposição com 50 fotos feitas durante o Festival de Cinema de Cannes 2009.
São instantâneos da presença feminina no maior festival de cinema do mundo.

Michael em preto e branco

Amigos eu ví, conhecí Michael de perto, em 1996.
Fui chamado pela Sony para gravar uma declaração, não me disseram com quem era.
Me puseram numa sala, mandaram arrumar tudo e aguardar.
Segredo de tudo. Pelo aparato pensei se tratar do Rei, no caso, o nosso, Roberto Carlos.
Depois de quase 4 horas de espera eis que realmente surge um Rei, não o nosso, mas o do pop, ninguém menos que Michael Jackson.
Enquanto enquadrava e focava, tive o privilégio de ver os detalhes de seus traços, Michael parecia uma figura de cêra, não era mais preto, nem branco, Michael era bege, nariz fino, a voz também.
Durou exatos 4 minutos, nos quais ele agradecia a um canal de TV da Inglaterra sua premiação como artista da década, e desculpava-se pela ausência, o material seria exibido por telão, na festa do dia seguinte.
No final, me dirigiu apenas uma pergunta: "good?", respondi apenas:
"yes...good", disse "tenquiú" e se foi, tão rápido quanto entrou.
Acompanhei sempre sua escravidão midiática, Michael sempre foi um prisioneiro numa gaiola de ouro, tinha tudo, mas não podia nada,
frequentava lojas que eram abertas somente para ele em alguma madrugada, tinha dinheiro para comprar tudo, menos sua liberdade de andar pela rua e tomar um vento no rosto, vendo o rosto dos iguais.
Pobre Michael, vítima da fama, do próprio ego e dos interesses dos abutres, disfarçados de amigos.
Depois que o ví, e toda vez que o ouvia, ou via pela mídia, não conseguia esquecer a profética canção na voz de Gilberto Gil que dizia: 'Bob Marley morreu, porque além de negro era judeu, Michael Jackson ainda resiste, porque além de branco ficou triste".
Enfim,cessou a resistência, está livre...Viva Michael, pobre menino rico.

Home - Salvem o Planeta

As imagens são lindas e impressionam, mas o filme não.
A não ser quem comprou seu ingresso sem nunca ter ouvido falar no que está acontecendo com o planeta azul.
É boa a tentativa de chamar nossa atenção, mas fica nisso, no fundo, o filme é um institucional mal narrado em português, com pouca ou nenhuma emoção.
Impressiona o elenco de patrocinadores, todos ligados à moda (Puma, Givancchi, Hermès, Stella Mac Cartney, etc...) afinal, a moda sabe, que a moda agora é o meio ambiente, é chic. "muderno" e dá mídia, que é o que realmente interessa, darlings.
Pois bem, diz o filme que temos apenas 10 anos para reverter a descaralhação que nós, homens sabidos, estamos fazendo com o nosso habitat.
Mas nem fudendo... a única chance seria tornar o filme obrigatório em todas as escolas do planeta, diariamente, tipo cantar o hino nacional e hastear a bandeira, essa é nossa única chace, convencer os pequenos ainda não totalmente imbecilizados por nós que vale a pena tentar.
Reza o filme que vai faltar água, comida e espaço, as cidades oceânicas vão experimentar o que Atlântida deve ter sentido, enfim, tudo isso é reprise, remake.
Em apenas 10 mil anos nossa civilização está conseguindo fuder com tudo que a terra levou quase 400 bilhões de anos para equilibrar e nos oferecer.
Mas o filme não emociona, e o que não emociona não nos apaixona.
Tenho a sensação de que o povo vai sair dali e ir para os "bailinhos" da vida, de Puma e Hermès, beber, comer, dançar e nos intervalos discutir as tendências e modernidades da próxima estação, mesmo sabendo que atualmente, todos os dias, um bilhão de seres humanos passam fome neste mundo, vasto mundo.
A culpa, segundo a película é da indústria do petróleo, portanto, deixe o carro em casa, vá de táxi (rsrsrs), senão, um belo dia, vamos todos nos encontrar na casa do caralho, e dizer: viu? eu não disse!

Cinema em Cannes

Cannes é uma festa, uma armadilha também, ou vc é mega, ou parece ninguém.
Fiquei ali, olhando, vendo o desfile dos anônimos... os que lutam para ser alguém, eu também.
Gostei de ver de pertinho, Ang Lee e Tarantino e outros mais, claro, melhor mesmo foi conversar com Marcos Jorge, de Estômago, Cao Hamburguer de O Ano que meus pais sairam de Férias, e Heitor Dalia, de Cheiro do Ralo, nosso representante na competição oficial deste ano de 2009, com o filme À Deriva.
Chato ver Alejandro Amenabar se render a Hollywood, seu novo filme chamado Àgora é um luxo em direção de arte e fotografia, mas esqueçam do cineasta de Mar a dentro, capitulou, por um punhado de dólares, o que fez muito bem.
O que se disse por lá foi que o cinema autoral ainda respira, somente na América Latina, o resto virou cinema de grandes estúdios.
Foi bom ter mostrado meu novo trabalho por lá, é chique, mas um choque. Recebi propostas para mostrar o "Esse Homem Vai Morrer" em Milão e Paris, valeu!!!
Voltei sem saber se esse mundo é o meu, se isso vale a pena, ou se minha alma é que anda pequena.
De qualquer maneira foi lá na Croissete que consegui fechar a produção de um próximo filme, e até lá não sei o que vai rolar, pode ser que eu volte...conforme prometi para o porteiro que me barrou na primeira noite, porque não tinha o smoking completo, prometi que eu voltaria,
só que pela passarela da frente, a principal, reservada aos competidores, onde fica uma orquestra sinfônica que entra em ação assim que eles pisam no tapete vermelho, vou fazer de tudo para cumprir minha promessa. E como para mim promessa é dívida, vou continuar nesse negócio mais algum tempo, se não fosse isso, pensaria em desistir dessa porra!!!